Quando um corpo foi mumificado no Egito antigo, seus órgãos foram colocados em frascos canópicos e seu corpo foi embalado com natron antes de ser embrulhado em bandagens para secar. O processo de preservação resultante se mostrou robusto o suficiente para manter o corpo intacto por milênios. Embora o corpo - e suas peças - sobrevivam, a identidade e a história da pessoa geralmente são perdidas no tempo.
Porém, os pés das múmias foram coletados como lembranças quando os exploradores imperialistas invadiram as tumbas egípcias antigas e os artefatos pilhados do norte da África. Os restos humanos nem sempre receberam o respeito que sua idade merecia. Algumas múmias foram desembrulhadas para entretenimento público e outras foram usadas como fertilizantes para o cultivo.
Esse pé provavelmente foi cortado para facilitar o transporte e a exibição do objeto antigo. Curiosamente, um pé de múmia era a peça central de um conto gótico de 1840, simplesmente intitulado O pé da múmia. A história se concentra em um colecionador que obtém o pé de uma múmia de uma loja de curiosidades com planos de usá-lo como um peso de papel.
Enquanto o personagem principal do curta primeiro descreve o pé como algo semelhante a um pé de Vênus ou bronze polido, ele rapidamente percebe que é o pé de uma múmia:
"Fiquei surpreso com sua leveza. Não era um pé de metal, mas sim um pé de carne, um pé embalsamado, um pé de múmia. Ao examiná-lo ainda mais de perto, tornou-se perceptível o próprio grão da pele, e as linhas quase imperceptíveis impressas pela textura das bandagens. Os dedos eram delgados e delicados, e terminados por unhas perfeitamente formadas, puras e transparentes como ágatas. O dedão do pé, ligeiramente separado do resto, proporcionava um contraste feliz, no estilo antigo, com a posição dos outros dedos e emprestava uma leveza aérea - a graça do pé de um pássaro. A sola, mal riscada por algumas linhas cruzadas quase imperceptíveis, forneceu evidências de que nunca tocara o chão nu e só entrara em contato com o melhor tapete dos juncos do Nilo e os tapetes mais macios da pele de pantera."
Na mesma época, uma região conhecida como Armant era uma parte importante do Reino Médio do Egito. Nas ruínas da cidade, os arqueólogos descobriram pedaços de uma estátua, mostrando apenas os pés da princesa da cidade-estado. Acredite ou não, o nome grego para Armant era Hermonthis. Os pés que encontraram são da princesa de Hermonthis!
