Quando o Cristianismo pecou... #1

Antes de mais nada, esta série visa expôr as contradições que muitas igrejas praticam, contrariando o seu próprio livro sagrado. Se você vê estes erros em sua igreja ou mesmo os pratica, por favor, reflita sobre o assunto e lute contra isso, tornando o mundo ao seu redor cada vez mais humano, menos injusto e seguindo os verdadeiros ensinamentos de sua igreja.

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As igrejas cristãs usam os ensinamentos da Bíblia Sagrada para representar Deus, um ser perfeito, que está em todo lugar, tem poder para fazer qualquer coisa e é ciente de tudo, desde o início dos tempos. Porém as representantes dele não costumam ser tão perfeitas assim, cometendo desde pequenos preconceitos até alguns dos mais absurdos erros da história, que custaram a vida de milhões de pessoas. Preconceito, anti-humanismo, machismo... uma lista enorme de erros e enganos:

Discriminação religiosa

Historicamente, a Igreja Católica sempre odiou ter concorrência, por isso lutou contra outras religiões, inventou guerras e usou todo o tipo de artimanha para que as pessoas virassem católicos. Muitos pensam que isso é coisa do passado, lá da Idade Média, mas, em pleno século XX, ainda temos exemplo disso.

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Entre 1900 e 1940, a Umbanda começou a ganhar força em nosso país, algo que chamou a atenção da Igreja, que resolveu criar um comitê especial para tratar do “problema”. Em 1952, foi instituído o Secretariado Especial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Dentro dessa instituição maior, haviam outras menores com reponsabilidades mais focadas. O Secretariado Nacional de Defesa da Fé era responsável por defender a fé católica, o que podia se entender como “atacar as outras religiões”.

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Uma das passagens mais reveladoras desse ódio e preconceito, da Igreja para com a Umbanda, foi feita pelo arcebispo de Porto Alegre, D. Vicente Scherer em uma entrevista dada a uma rádio, que depois foi transcrita na revista da arquidiocese local (SCHERER, D. Vicente. Hospital de Umbanda. Unitas. Porto Alegre, 46 (3):191-4, 1957, p. 193.):

A Umbanda é a revivescência das crendices absurdas que os infelizes escravos trouxeram das selvas de sua martirizada pátria africana. Favorecer a Umbanda é involuir, é aumentar a ignorância, é agravar doenças.

preconceito

O uso da expressão "crendices absurdas" neste contexto é bem curioso e discutível... mas enfim, atacar as religiões africanas não era o bastante para os chefes católicos, eles queriam mostrar sua raiva e preconceito contra as próprias pessoas que possuíam, segundo eles, a “religião errada”. Além disso, aparentemente, os chefes católicos também queriam usar as leis do país para, simplesmente, proibir as pessoas de fazerem seus cultos, algo muito semelhante a uma ditadura:

"Perguntamos, anos atrás, a um grupo de médicos psiquiatras e especialistas em doenças nervosas se é aconselhável, sob o ponto de vista psíquico e médico, "desenvolver a mediunidade" ou "provocar fenômenos espíritas". E todos, com absoluta unanimidade, responderam negativamente, declarando que semelhantes práticas são "nocivas", "prejudiciais", "perigosíssimas", etc. (…) São clamores das autoridades competentes a gritar que as práticas espíritas e umbandistas contrariam a ordem pública, e que, por isso, são contra a Constituição que veda expressamente o exercício da "religião" que "contraria a ordem pública"

O texto acima, feito por Boaventura Kloppenburg, bispo católico brasileiro, que nasceu na Alemanha, pode ser encontrado em KLOPPENBURG, Boaventura. Umbanda no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1961, p. 195-7.

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Apesar das referências acima datarem de algumas décadas atrás, este preconceito segue enraizado até hoje, não só no catolicismo mas em diversas religiões, cristãs e não cristãs. Confira abaixo um caso que exemplifica esta discriminação (fato real):

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Liderados por Isolina dos Santos, 60, cerca de dez evangélicos invadiram no domingo às 22h o apartamento de um pintor de 41 anos e lhe deram uma surra por ter reclamado do barulho do culto, no apartamento de baixo. A vítima teve deslocamento de clavícula.

[..] Eles ficaram enfurecidos quando souberam que o pintor tinha se queixado das orações com a síndica e arrombaram a porta do vizinho, começando por quebrar os móveis com a alegação que o pintor estava endemoniado. 

A violência foi presenciada pela mulher do pintor — uma secretária de 39 anos — e pelas filhas do casal, uma de 4 anos, outra de 13 e a terceira de 19.

A secretária disse que tinha um bom relacionamento com Osolina, para quem às vezes doava cesta básica e roupas. A amizade se rompeu há cerca de 7 anos, quando a evangélica soube que a vizinha era espírita.

A mulher do pintor contou que, nos fins de semana, as pregações começavam com gritos logo pela manhã e se estendiam pela madrugada. Falou que se queixou várias vezes com a administração do condomínio, que nada fez. [..]

"Já chamei ela (Isolina) para conversar aqui na minha casa, mas ela disse que não aceita falar com gente da minha cor e religião", disse. 

Fonte: Espírita apanha de evangélicos por reclamar de barulho de culto

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Confira uma coletânea de diversos casos de preconceito religioso clicando aqui, mas primeiro deixe sua opinião nos comentários.