Em algum momento da vida você já deve ter ouvido falar de Chung Ling Soo ou pelo menos do mágico que foi morto durante uma apresentação. Nas próximas linhas, você vai conhecer os detalhes dessa história – que deixa muita gente impressionada até os dias atuais.
Para começo de conversa, saiba que Chung Ling Soo é o nome artístico usado por William Ellsworth Robinson. Ele nasceu em 1861 e morreu em 1918 com 56 anos. Foi um mágico do tipo ilusionista, que ficou famoso pelo mesmo truque em que foi morto: a pegada de bala.
A história de Chung Ling Soo
William nasceu em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Ele começou a trabalhar com mágica bem cedo, quando tinha somente 14 anos. Logo, entrou para o grupo Vaudeville (um gênero de espetáculo) e conheceu grandes nomes, como Harry Kellar e Alexandre Herrmann.
No ano de 1900, ele descobriu que havia um agente que estava à procura de mágicos para interpretar um personagem chinês em Paris. Ele topou o desafio. E havia uma motivação para isso: ele havia conhecido Ching Ling Foo antes.
Ching o desafiou para reproduzir os seus truques. William aceitou o desafio e cumpriu. Porém, o mágico chinês não reconheceu o feito e não pagou o prêmio. Assim, William viu a chance de se vingar contra Ching, aceitando o papel para ser um mágico chinês.
Entendendo a relação de Chung e Ching
Só para contextualizar tudo o que falamos até aqui, saiba que Ching nasceu como Zhu Liankui e era um mágico chinês. Ele veio do berço das artes ilusionistas orientais. Alcançou prestígio na China e tentou a sorte no Ocidente. Ele foi o primeiro mago oriental a fazer sucesso entre os ocidentais.
Entre os truques, ele tinha a produção de tigelas de água e a decapitação de um garoto. Em uma publicidade, ele desafiou qualquer pessoa a reproduzir seus números. A recompensa era de US$ 1.000,00. Aí, o mágico do Brooklyn, o William topou o desafio.
Sem receber o prêmio, o mágico chinês de Nova Iorque criou o slogan de “O Conjurador chinês original”. Ele era filho de um missionário americano e a mãe era cantonesa. Ele ficou órfão aos 13 anos e foi adotado por Arr Hee, um mágico chinês com truques europeus.
Como era o truque de Chung
O ato era o de pegar a bala a partir do carregamento de quatro armas rifles, modelo Enfield. Uma delas era marcada. E balas e rifles eram fiscalizados por voluntários da plateia. Então, ele colocava a bala no cano e socava ela com a vareta. Depois, ia para 5 metros do pelotão.
Ao sinal dos ajudantes, as armas eram apontadas para Chung Ling, que segurava um prato com motivos e escritos chineses. Ele serviria para aparar a bala. O disparo era feito e partia o prato em vários pedaços. Ling caia no chão, mas após o momento de tensão, ele se levantava.
O segredo estava no fato de que as balas eram verdadeiras, o rifle também, tudo. Porém, a câmara de explosão, onde o gatilho explodia a cápsula não. Havia um lugar que tinha um cartucho de festim no cano e somente com pólvora, sem o projétil.
A morte de Chung Ling Soo
A morte do mágico aconteceu na noite de março de 1918. Ele estava performando no Wood Green Empire, em Londres. A última parte do show era também a parte mais clássica, em que ele tentava pegar a bala que era atirada contra ele.
Ele já havia feito isso um monte de vezes. No entanto, a arma falhou e disparou verdadeiramente, sendo que ao invés de um tiro de festim, ele recebeu um tiro de verdade. Chung foi atingido no peito e morreu dois dias depois de hemorragia.
Diferente do que havia acontecido até então a arma disparou não apenas a cápsula de festim, mas verdadeira também. O curioso é que ele falou “Oh my God”. E ele nunca falava nada durante o show. O público só percebeu nessa hora que ele não era chinês de verdade.
A teoria sobre o suicídio de Chung Ling Soo
Curiosamente, após a morte do mágico chinês, muitas teorias começaram a aparecer. Uma delas é sobre o fato de que a morte não foi acidental e sim um suicídio. Isso porque, conforme dizem, o próprio Robinson teria planejado sair de cena de forma dramática e única.
Como você viu acima, algo deu errado. No entanto, Will Goldston foi quem publicou a teoria do assassinato, que apareceu no livro de 1929, “Sensational Tales of Mystery Men”. O amigo contou que alguns dias antes, Chung foi até o escritório e quitou a dívida que tinha.
Isso porque disse ainda que queria “colocar as coisas em ordem”. Depois, ele ainda cita outros motivos para se crer no suicídio. Como o fato de que a arma não estava com o cano selado, como deveria ser. Ainda conta que ele carregou a arma, coisa que nunca fazia nos shows.
O que é a pegada de bala
Sem dúvidas, de todos os truques de mágica que eram apresentados naquela época, esse era o mais perigoso. A ideia era bem simples. Uma bala era disparada contra o mágico, que parava ela com a mão ou com a boca.
Para provar a eficiência do truque, alguns mágicos marcavam a bala antes ou então ela atravessava um vidro antes de chegar até o mágico. Porém, em qualquer um dos casos, há sempre um risco envolvido.
O truque era tão perigoso que ele nunca foi executado publicamente por Houdini, que foi um dos maiores mágicos de todos os tempos. A primeira menção sobre esse truque é de 1631 e apareceu no livro “Threates of God’s Judgement”, de Thomas Beard.
Como nasceu o truque
Conforme os escritos de Beard, foi um mágico francês, Coulen de Lorraine, que executou o número pela primeira vez. A bala era disparada e Coulen a pegava com a mão. O autor ainda conta que Coulen morreu espancado pelo assistente com a própria arma.
O que nos importa para esse texto é que em 1785, Philip Astley publicou em seu livro, “Natural Magic or Physical Amusement Revealed”, o truque. Ele diz que a invenção foi dele e aconteceu em 1762. No entanto, há antes disso há menção do truque.
Por exemplo, em 1761, com Thomas Denton no livro “The Conjuror Unmasked” e no mesmo ano por Henri Decremps, em “La Magie Blanche Dévoilée”. Em 1840, John Henry Anderson, foi o mágico escocês que levou o número para palcos do Reino Unido, Austrália, América.
Vítimas do truque pegada de bala
Considere que o número foi sempre muito executado e teve várias mortes. Porém, a mais conhecida de todas foi a de 1918, que estamos mencionando aqui, do Chung Ling Soo. Com essa morte, o número passou a perder valor, ainda que fosse executado mais algumas vezes.
Apesar de mais trágica, essa não foi a única. O primeiro caso que se tem notícia foi em 1500, com Coulen, que não foi morto diretamente com o tiro, mas sim com o revólver. Depois, vem Kia Khan Khruse, em 1818, que era um mágico indiano, mas sem informações confirmadas.
Teve ainda o caso da Madame DeLinsky, em 1820, que era assistente do marido, o mágico polonês DeLinksy, morta por engano pelos atiradores. Giovani de Grisy foi outro alvo, em 1826. Arnold Buck e Adam Epstein, em 1840 e 1869 são outros nomes anteriores.
Outras mortes
Além dos nomes mencionados acima, ainda temos Raoul Curran em 1880, deLine Jr em 1890, Michael Hatal em 1899, Otto Blumenfeld em 1906, H. T. Sartell em 1922, Ralf Bialla em 1975, Doc Conrad em 1977 e Fernando Tejada em 1988.
Os últimos são os que já tem documentação comprovada. Por exemplo, Tejada era um colombiano que morreu no palco em seu país. Doc Conrad morreu com o número “roleta russa”, que era uma variação da mágica de pagar a bala.
E Bialla também chocou o mundo porque ele usava todo tipo de proteção que poderia, desde óculos a prova de bala até luvas e aparadores de aço na boca. No entanto, apesar de sempre ter se salvado da morte, no último caso, ele teve sequelas graves que resultou na própria vida.
Para saber mais sobre o Chung Ling Soo
Se você gostou da história desse mágico, que foi um dos mais importantes do mundo, apesar do final trágico, considere que há uma boa lista de bibliografias para estudar. Primeiro, considere matérias estampadas em jornais que você pode encontrar online, como:
- The Colar Herald, de 14 de junho de 1918
- The Register de 25 de junho de 1918
Depois, nós temos alguns livros. Aliás, um dos livros mais incríveis é o “The Glorious Deception: The Double Life of William Robinson, aka Chung Ling Soo”, que é assinado por Jim Steinmeyer. Depois, tem o “Sensational Tales fo Mystery Men”, que é de Will Goldston.